25 de outubro de 2015

NOVOS BLOCOS - Morro do Finder

Rafael Alchieri provando o Gravidade Zero V4 - Setor Floresta

Localizado praticamente no centro da cidade de Joinville o Parque Municipal Morro do Finder sempre foi um setor bastante frequentado, principalmente a Pedra do Veloso, que tem várias vias esportivas e o setor da Gruta, que conta com vários boulders. Ambos os setores desenvolvidos no final dos anos 90.

Recentemente comentei com a galera, que em uma ocasião explorando a floresta do Parque eu havia encontrado uns blocos interessantes, mas que na época (começo dos anos 2000) não me motivei em limpar e abrir os lances.


Boulder Unha de Gato V2 - Setor Floresta

Com uma "nova geração" de escaladores motivados, fomos a procura desse setor e pra alegria geral os blocos eram MUITO melhores do que se esperava.
Rapidamente começaram os trabalhos de limpeza e abertura dos boulders. O mato que tomava conta dos blocos foi retirado, as bases foram arrumadas, bromélias e orquídeas foram retiradas e colocadas nas proximidades. Os espinhos e trepadeiras, comuns desse ambiente de mata secundária, foram retirados e deram um novo ânimo pra floresta crescer.


O setor foi denominado de Floresta e se localiza na encosta logo abaixo do setor principal. A rocha é a mesma encontrada em outros blocos, um quartizito de excelente qualidade e com muitas agarras. A maioria dos boulders são negativos e tetos, tornando a escalada bem específica e difícil. Foram abertos aproximadamente 8 lances  e há muita coisa boa e difícil ainda pra abrir. 

Edwil James no boulder Imaginésio V3

Os principais responsáveis pelo "trabalho" realizado nesse novo setor e as primeiras ascensões foram, Rafael Alchieri, Edwil James, Alecsandro Urbano, Guido Gelbcke, Christine Mender, Jader Rampinelli e Daniel Casas.

Para conferir o croqui completo dos novos boulders e dos setores "antigos" de um clique aqui. 
Para saber mais sobre o setor clique aqui.

IMPORTANTE

- Mantenha o ambiente como encontrou.
- Utilize os acessos já abertos.
- Para abertura de novos blocos e linhas utilize as técnicas de mínimo impacto, retirando a vegetação onde é estritamente necessário e realocando sempre que possível.
- Não cave agarras.
- Em caso de novas ascensões comunique a galera local para registrar as informações.

Todos são bem vindos à se divertir e abrir novos lances!!!








8 de setembro de 2015

Pura Rocha

Escalar essas montanhas é buscar mais que um cume, é uma oportunidade de ir ao encontro do equilíbrio físico e mental, conectar ao momento presente e por fim viver nossos sonhos.


Pico Maior ao centro, picos Menor e Médio a esquerda e Capacete a direita

Um dos principais centros de escalada em grandes paredes do Brasil é com certeza o conjunto de montanhas do Parque Estadual dos Três Picos, em Nova Friburgo/RJ, ou simplesmente Salinas. Foram nessas paredes, onde escaladores como Tartari, Portela,  Hartmann, entre outros, forjaram um estilo de escalada arrojada e moderna, buscando sempre uma escalada limpa, minimizando os pontos de apoio, empurrando o limite vigente e dando novas referências para o montanhismo brasileiro.
Subir por essas paredes é "beber da fonte" da escalada tradicional brasileira, montanhas de rocha nua, metros e metros de escalada, técnicas variadas, cumes onde não se chega andando.


Pico Maior

Os Picos Maior, Menor e Médio junto com Capacete e a  Caixa de Fósforos, são as montanhas mais frequentadas da região e onde se concentram o maior número de vias. 
Nas palavras de Portela "Tem de tudo. Nem pra todos. Tem bloco e falésia, parede pequena e grande. Fácil, difícil e imponente. De rocha pura ou com muita vida e sempre com muita aventura." 

Vias com 10 ou mais cordadas são comuns, a rocha predominante é um granito/gnaisse de excelente textura, sólido e aderente. Uma das principais características do local é a distância entre as proteções, lances longos sem ver o próximo grampo são comuns. A grande maioria  das vias possui o grau de exposição E3 ou maior, ou seja, escaladas com certo comprometimento, onde uma queda pode gerar um acidente. Porém devido a qualidade da rocha esse "detalhe" pode até passar despercebido depois que se acostuma ao estilo. 

Um "mar de granito" com suas infinitas possibilidades de subida.

Filipe Rochi na parte alta da via Fata Morgana no Capacete

Essa foi uma viagem de última hora,  não estava nos meus planos pra temporada, porém era um destino que sempre tive vontade de voltar, para aprender e me testar.  

Em outra ocasião já havia subido o Pico Maior pelas vias Leste e Decadence, ainda lembro do contraste que foram essas duas escaladas - aventura plena e puro desfrute - tínhamos pouca informação e nunca escalado nessas montanhas. A primeira foi a Leste, entramos apreensivos e focados, já de cara sentimos na pele o estilo arrojado dessas paredes, choveu nas últimas cordadas e mesmo assim seguimos adiante, fizemos cume e sem perder tempo achamos os rapeis com visibilidade mínima, com forte chuva chegamos de dia e felizes ao acampamento. 

Dias de descanso e foi a vez da Decadence, na mesma face e praticamente o mesmo tamanho da Leste, 700 metros de "pura roca". A escalada foi puro desfrute em um dia de sol e sem vento. Já habituados ao estilo, fomos rápidos, subimos parte da via em simultâneo. Em 5 horas já estávamos sobre as pedras do cume aproveitando o sol, sentindo o vento e tentando entender, junto ao turbilhão de emoções que invadem nossas mentes,  as motivações que nos levam a momentos tão plenos.





A vida segue e me leva mais uma vez onde quero estar: aos pés da parede mirando a linha da próxima aventura.  A "bola da vez" seria a via Arco da Velha (D4 6. VIIa E3). Sinto um irresistível magnetismo em testar minhas qualidades como montanhista em uma parede tão imponente e por uma via que quebrou paradigmas em seu tempo! 

Como seria uma viagem de poucos dias pra tanta rocha, tracei um cronograma objetivo em minha mente: duas vias pra aquecer no Capacete, um dia de descanso e então a Arco da Velha.


Face norte do Capacete e Pico Maior a esquerda.
Cume do Capacete e Pico Maior ao por do sol 

Com Reginaldo e Urbano subi a via El Kabong (D3 5. VI E2 450m), uma boa escalada que fica mais interessante após as três primeiras cordadas, onde a parede fica mais vertical. Boa para entrar no ritmo e se adaptar a rocha sem se expor demais. Depois foi a vez dos 400 metros da Sólidas Ilusões (D3 5° VI+E3), uma clássica e super bem recomendada. Uma cordada melhor que a outra, técnicas variadas mesclando proteções fixas e móveis. É boa para "entrar no clima" e começar a se acostumar com lances menos protegidos.


Urbano nas últimas cordadas da via Pança do Mamute onde a Kabong se junta.
Caon no final da Sólidas, lá embaixo no descampado a área de camping 


Entrando do diedro da 3. cordada da via Sólidas Ilusões

Um dia de descanso pelo vale pra ficar de preguiça, aproveitar o sol e se preparar pra escalada. O corpo relaxa, mas a mente cada vez mais ansiosa com o passar das horas. Ronchi e Regi estão na Leste, vamos a um mirante e acompanhamos os últimos metros da escalada, pequenos pontos perdidos no granito. Em pouco tempo pisaram no cume e pudemos escutar seus gritos ao longe e sentir a vibração positiva. Nessa hora do dia o vento já tinha mudado de direção e soprava com força,  trazendo muitas nuvens, o tempo parecia virar. 

Acordamos as 4 da manhã, noite estrelada, um rápido café e sob as luzes de nossas lanternas frontais, seguimos a passos decididos nosso caminho. Chegamos na base clareando o dia e quando o sol surgiu no horizonte já estávamos avançando na primeira parte da via, mais fácil e positiva.

Minutos antes do sol despontar no horizonte

Tocando na parede junto com os primeiros raios de sol.

O tempo ainda parecia suspeito no começo da manhã, mas com o avançar do dia e a medida que ganhávamos altura foi se estabilizando e seguiu perfeito, com temperatura agradável e pouco vento. 


Rafael Caon iniciando a 4. cordada.

Na segunda parte da via, a parede ganha verticalidade e mostra todo seu encanto, boas agarras e lances longos com poucas possibilidades de colocações móveis. Frito minha cabeça, mantenho o foco e me divirto na busca pelo melhor caminho. Como as proteções são distantes e as possibilidades de caminhos muitas, achar a sequência de agarras certas que me levarão a um "porto seguro" é a parte mais difícil e também a mais interessante. Ir passo a passo, com cautela pra não entrar em "xeque mate" impossibilitando a subida ou a descida, faz com que meus sentidos mantenham-se atentos. Sigo em uma mistura de transe e êxtase, me equilibrando na vertical, meus pensamentos voltados exclusivamente para o momento presente, focado em resolver cada passada com maestria. O tempo parece parar.


Sétima cordada
Urbano liderando a 8. cordada.

Nosso ritmo é bom e logo chegamos em uma cordada chave, que consiste em um teto com agarras. Um lance de VI, mas o número é apenas um parâmetro e não representa a real dificuldade em fazer a passada. Lá no alto da parede, protegido com pequenas peças, sentindo o vazio, tudo fica mais complexo. Demoro um tanto pra passar o lance, vou e volto, negociando com as agarras, enfim decido e com atitude escalo sem medo. Mais alguns metros e melhor protegido sigo até a corda praticamente acabar e monto a parada. 


10. cordada da via Arco da Velha

Desse ponto em diante sabemos que estamos com o jogo praticamente ganho, faltam apenas 4 cordadas e então baixamos o ritmo, um tanto pelo cansaço e um pouco para desfrutar dessa bela escalada. Mas a montanha não perde verticalidade e precisamos seguir apertando com força e pisando certo nas agarras. Na parte final juntamos na Decadence e seguimos por ela até o cume em tempo de apreciar o por do sol. 



Cume Pico Maior

Tão raro esses momentos de cume, sensações que não podem ser racionalizadas, muito menos descritas, devem ser experimentadas

Não nos demoramos muito no cume e logo partimos em busca da descida. Saio abrindo os rapeis, e um a um vamos perdendo altura e nos aproximando do colo com o Capacete. Já é noite escura e no último rapel me perco e acabado entrando em uma grota, ao menos estava no chão. Meus parceiros, sem muita escolha me seguem, traço uma linha reta e rasgamos o mato até achar a trilha que nos leva pra junto do calor do fogão a lenha.

"...no meio da pedra tinha um caminho..." Via Arco da Velha

Os dias vão passando rápido, amigos chegando e outros indo, cada qual com seus objetivos. O tempo segue firme e após algum descanso, trivialidades, ócios e devaneios a motivação volta. Ainda subimos as vias Fata Morgana e Roberta Groba no Capacete, pra encerrar essa rica temporada! 
Aos amigos com quem pude compartilhar esses dias na montanha, muito obrigado!


Cume do Capacete


Pra finalizar um pequeno clip no melhor Jamaica Style!!!




Apoio: Jurapê Equipamentos para Aventura, Resseg Mountain Wear, Hard Adventure e Salamandra Escola de Montanha.


15 de julho de 2015

FESTIVAL DA MONTANHA




AS EXPERIÊNCIAS DE QUEM OUSOU TRILHA O SEU CAMINHO, essa é a chamada do FESTIVAL DA MONTANHA que reunirá entre os dias 24, 25 e 26 de julho praticantes e simpatizantes de diversas atividades de montanha, tudo aos pés da belíssima Serra Geral Catarinense no município de Siderópolis.

Mostra de filmes, fotográfica e palestras vão contar um pouco da história de caminhantes, montanhistas e escaladores da região.

Durante todo evento irão acontecer diversas atividades como caminhadas, slackline,stand up padle, mountain bike, cavalgadas e escaladas.
Um evento ao ar livre para toda família.


PROGRAMAÇÃO FESTIVAL DA MONTANHA:

24 de Julho – Sexta-feira
Horário: 19h30min
Recepção e Abertura
Mostra: Vídeo Rotas do Aguaí

25 de Julho – Sábado
8 horas - início das atividades
Caminhada – O Guarani – Caminhada até a Casa de Cerimônias Guarani – 15km ida e volta nível fácil
Pedal - aproximadamente 50 km – nível intermediário, saindo da base em direção a Treviso, com almoço na Pousada Santo Antonio (por adesão R$ 25,00) – totalmente em estrada de chão
Slackline - Equipe Pés na Fita e Cabeça na Escola – Demonstração e Instrução
Stand Up Padle - Equipe Aloha - Barragem do Rio São Bento
Escalada Setor Serrinha
Cavalgada – Fazenda São Lourenço
(atividades devem ser agendadas via Ficha de Inscrição – valores incluídos na inscrição)
Podem haver alterações ou exclusão de atividades conforme números de inscritos.

18 horas
ENCONTRO ENTRE HOMENS E MONTANHAS:
Daniel Casas - Arte Vertical: Conceito do montanhismo e suas modalidades.
Rafael Caon- Gelo Patagônico Sul
Edemilson Padilha – A  conquista da via “Fio na Navalha” como abrir uma via de 700 metros, numa parede com pouquíssimas informações.

20h30min – Mostra: Video Memórias de São Pedro – Conversa Júnior e Michele

26 de Jullho - domingo
8 horas
Escalada Morro da Mina – uma das maiores vias de escalada em arenito do Brasil, com Daniel Casas, Rafael Caon, Edemilson Padilha e Filipe Ronchi
Cobertura: RBS TV
Caminhada até a Gruta – 11km ida e volta com vista panorâmica da Barragem do Rio São Bento
Pedal até Instituto Felinos do Aguaí – 18 km ida e volta, aproximadamente

Previsão de término das atividades e retorno à base até 13 horas.

Mostra de fotos espaço permanente.

Filipe Ronchi na via Excrescência, uma das preciosidades da Serra Geral 


Faça sua inscrição antecipada pelo email: 
expedicaoxokleng@uol.com.br 
Acompanhe também as atualizações via fanpage https://www.facebook.com/ExpedicaoXokleng

Cursos Salamandra

Aventurem-se com segurança.
Confiram a agenda de cursos da Salamandra Escola de Montanha.
Instrutores CREDENCIADOS em Joinville e região EXCLUSIVIDADE Salamandra.
Guiando desde 2001.


14 de julho de 2015

Festival de Escalada Pedra Rachada

Inscrições abertas para o 11º Festival de Escalada Pedra Rachada Bouldering!!!


O Festival de Escalada Pedra Rachada Bouldering proporciona uma vivência única ao colocar o encontro de escaladores de diversas partes do Brasil e do Mundo com um mesmo objetivo: subir pedra!

No ano passado, mais de 500 pessoas foram até a cidade de Sabará, localizada a apenas 35km do centro da capital mineira Belo Horizonte, para curtir a 10ª edição de um dos festivais de escalada mais tradicionais do país!

A Pedra Rachada possui atualmente mais de 500 boulders abertos, ou seja, diversão garantida para escaladores de todos os níveis! 



Este ano, o festival acontecerá nos dias 17, 18 e 19 de julho e uma estrutura incrível está sendo preparada para que os escaladores tenham uma experiência ainda mais inesquecível.


28 de maio de 2015

Vias e Estilos

A maneira como o desafio imposto pelas montanhas é resolvido, determina o estilo dessa escalada, ou seja, quais os artifícios, técnicas, estratégias, entre outras que foram utilizadas pra ir ao topo.

Dentro de uma visão mais purista, é aceito que a forma mais honesta de escalar uma montanha é através dos seus próprios esforços utilizando menos artifícios. Sendo assim, a escalada em solo integral seria uma maneira bem justa de subir uma montanha, um ótimo estilo.

Há escaladas que com o passar do tempo vão sofrendo alterações em seu estilo, e pouco a pouco vão mudando, até passarem a serem concluídas rotineiramente de uma outra maneira e não mais da forma original da primeira ascensão. Vias que antes eram feitas em artificial passam a ser escaladas em livre, por exemplo. Essa "evolução" na forma da escalada, não deve nunca passar por cima do direito autoral de conquista (saiba mais), que justamente serve pra preservar a pluralidade de  estilos. 

É fato que muitas escaladas passam por essa transformação, exemplos não faltam de vias que com o passar dos anos mudaram a forma como são escaladas, pra citar alguns: via do Compressor no Cerro Torre, antes feita em artificial fixo em grampos e hoje feita em livre com o maior número de proteções móveis possíveis, a via Enferrujado na parede do Abrolhos conjunto Marumbi, o Lagartão no Pão de Açúcar, assim como o próprio Everest quando foi escalado pela primeira vez sem oxigênio mudou o estilo e quiça um dia, seja escalado apenas dessa maneira!

Para os escaladores de Joinville, o Morro do Finder é o setor mais próximo, localizado praticamente no centro da cidade. Possui algumas boas vias e vários boulders de qualidade em um quartizito bem sólido de excelente textura.

A via Aeds Egipt (8b) foi a primeira a ser aberta no setor Pedra do Veloso, por volta de 95 ou 96, por muitos anos foi feita com corda por cima, e assim em "top rope" fiz a cadena em 98. Com o passar do tempo decidimos equipá-la para que pudesse ser feita guiando, isso foi em 2004. 
A via, naquele momento, sofreu uma transformação de estilo e posso afirmar que promoveu uma evolução na escalada local. Outras vias similares surgiram no setor e muitos escaladores puderam encadenar guiando o seu primeiro 8.o grau. 

O tempo passa e a evolução não para. 
Hoje a via vem recebendo várias ascensões em um estilo conhecido como "High Ball", que são lances realmente altos feitos em boulder, com a segurança feita com colchões e alguns amigos. Mesmo ainda não sendo o estilo "oficial" dessa escalada, acredito que em breve com a evolução das técnicas e equipamentos, essa talvez seja a maneira mais corriqueira de encadenar esse desafio.



19 de maio de 2015

IMPRESSÕES Valle Cochamo


O montanhismo em sua essência, é um exercício pela busca do desconhecido, ir atrás do novo, a procura de aventura e consequentemente da superação de desafios. Um lugar novo pra explorar e todos os seus desdobramentos, resultam numa viagem com muito aprendizado, num melhor conhecimento de si mesmo e do espaço que escolhemos a interagir.

Cerro Trinidad, uma das principais montanhas do vale Cochamo.

Desfrutar o passar dos dias na montanha, em busca de aventura, longe das comodidades urbanas, nos permite viver dias intensos. Temos a chance de respirar um ambiente mais puro e com menos interferências. Aos poucos, cada vez mais conectado, a cada dia mais íntimo, mais focado em empurrar os limites pessoais, parafraseando Messner: são os dias em que realmente vivemos.

Anfiteatro de montanhas

Parede norte do Trinidad, vias entre 700 e 1000 metros.

As montanhas ao longo do vale do rio Cochamo são encantadoras. Suas grandes paredes brancas, recortadas por fendas num sólido granito, propiciam uma escalada em terreno de aventura sensacional. 

Rio Cochamo e as primeiras montanhas surgindo no decorrer da caminhada de aproximação

Apesar de ter vias para todos os gostos e níveis, são as grandes montanhas com suas paredes verticais que chamam a atenção, inseridas em um ambiente amplo e grandioso, na cordilheira dos Andes.

                           Pared del Tiempo

Predominam escaladas de grandes paredes  em terreno de aventura, algumas em artificial, mas a maioria em livre, normalmente seguindo sistemas de fendas de variados tamanhos. Algumas escaladas podem levar alguns dias para subir e ultrapassam os 1500 metros de comprimento. 

Liderando uma cordada da via EZ Does It (5.10d)  no Trinidad.

A trilha pelo bosque, os rios ao longo do vale, a base da montanha, a parede e suas linhas, o cume. A cada passo, novos aprendizados fundem-se com os já sabidos. Momentos de apreensão e de pura euforia se confundem ao longo da jornada. Tempo de agir com atitude e tempo também de contemplar e agradecer. Cada escalada é uma experiencia única e enriquecedora, independe do desfecho, o valor é medido pelo aprendizado de viver o momento presente que escolhemos com sabedoria e arrojo.

Tempo melhorando após a tormenta.

Essas montanhas ficam localizadas bem próximas ao mar, na patagonia chilena, no lado oeste da cordilheira. O clima dessas montanhas sofre bastante influência do oceano Pacífico, criando ambientes úmidos com bastante precipitação. O resultado são grandes vales com rios caudalosos e uma mata abundante e esplendorosa conhecida como floresta Valdiviana. Entrando na cordilheira o cenário é preenchido com lagos, rios, paredes rochosas, vulcões e cumes nevados.

Vale do rio Cochano e Cerro Trinidad ao fundo
Cerro Tronador

"Quien no conoce el bosque chileno, no conoce este planeta. De aquellas tierras, de aquel barro, de aquel silencio, he salido yo a andar, a cantar por el mundo."
Pablo Neruda 

Bosque de Alerces a caminho da base do Trinidad

Subindo o vale, inicio da caminhada para La Junta

A qualidade da rocha é excepcional, o granito sólido possui uma boa textura, por vezes polido, mas no geral com boa aderência. As fendas variam de acordo com o setor, normalmente são perfeitas e fáceis de proteger, porém é comum fendas abertas que dificultam a colocação, principalmente nas áreas mais baixas.

Subindo um diedro perfeito e contínuo na via Camp Farm Cerro La Junta

Cerro Trinidad

Subimos o vale durante o mês de fevereiro e o bom tempo nos propiciou conhecer uma boa parte dessas montanhas, seus caminhos e segredos. Realizamos boas escaladas, algumas vias nos levaram ao cume, outras a lugares incertos, em todas acumulamos experiencias e momentos espetaculares. 

Dia de bom tempo nas montanhas, puro desfrute.

Acampamento base em La Junta 
Com o objetivo de repetir algumas vias aos principais cumes e fazer um bom reconhecimento adotamos a seguinte estratégia: Fizemos a caminhada de aproximação e montamos o acampamento base em La Junta que é o ponto de partida para as principais montanhas. Subimos leves e parte dos equipamentos e alimentação vieram a cavalo. Começamos escalando nas paredes mais baixas e perto do acampamento. 

Parede La Zebra, boas vias para sentir a rocha, ao fundo rio Cochamo e o  camping La Junta

Após o período de adaptação, fomos para as montanhas mais distantes, o plano então foi levar equipamentos e comida para ficar por alguns dias, escalar o máximo possível e voltar para o acampamento. Em uma janela de mau tempo escalamos em um setor esportivo próximo, chamado Paredes Secas.

 
Vias esportivas setor Paredes Secas

Puro desfrute Cerro La Junta

Saindo para entrar em sintonia, via Camp Farm Cerro La Junta.
Os setores onde encontram-se as principais montanhas e vias são chamados de Trinidad e Anfiteatro. Do acampamento La Junta até os acampamentos superiores próximo as base das paredes são cerca de 2 a 3 horas, ou ainda um pouco mais se estiver levando muito peso. O ideal é subir para passar alguns dias e aproveitar ao máximo as janelas de tempo bom.

Cerro Trinidad Norte

TRINIDAD

Essa área é composta por diversas montanhas e paredes, onde as principais são os Cerros Trinidad Norte, Central e Sul, Gorila, El Monstruo entre outras. 

Arthur saindo pra última cordada da via El Gendarme, Cerro Trinidad

Nosso acampamento na base da parede principal do Trinidad.
Fendas perfeitas e placas lisas!!

Nereida na parte alta da via EZ Does It




         
        Toda a verticalidade do Cerro Trinidad
Cume Cerro Trinidad

Descendo porque o cume é só metade do caminho.

ANFITEATRO

Como o próprio nome sugere esse setor é um anfiteatro composto por várias montanhas com paredes que ultrapassam os 1000 metros verticais.

Setor Anfiteatro visto de La Junta
Via Aleta Del Tiburon

Partindo pra mais um dia de escalada, Anfiteatro

Cume Parede del Tiempo
"...Bajo los volcanes, junto a los ventisqueros, entre los grandes lagos, el fragante, el silencioso, el enmarañado bosque chileno..." Neruda

Vulcão Osorno
Bivaque para as paredes do Anfiteatro

Pra cima!!!
Se o objetivo for fazer escaladas inéditas o vale tem muito ainda a oferecer. Apesar de as principais montanhas e paredes já terem sido escaladas, o potencial ainda é incrível, são muitas as linhas perfeitas ainda esperando a primeira ascensão.


                          Paredes do vale do Trinidad
Liderando as primeiras cordadas da via Excelente Mi Teniente

Arthur puxando corda em uma enfiada da via Excelente Mi Tienente (5.11a) 

Apoio: Hard Adventure, Resseg, Jurapê Aventura, Salamandra Escola de Montanha.

Mais informações sobre Cochamo em cochamo.com